30.6.07

OOPS!

27.6.07

GALERA DA ESCOLA DE MÚSICA


.

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DE LONGE
NÓS TAMBÉM NÃO SOMOS
NORMAIS!


TODO FIM É UM PRINCÍPIO.

TODO PRINCÍPIO É UM MEIO..

PELA ARTE: TUDO!


MENOS MORRER NA PRAIA...


CURSO DE CANTO POPULAR


& ERUDITO

(PROFª PATRÍCIA EVANS) VIEMOS PRA CANTAR E SERMOS CANTADOS!

USAMOS TODOS OS INSTRUMENTOS

ÀS NOSSAS MÃOS! . CENTRO MUSICAL

ANTÔNIO ADOLFO




ESTAMOS PARA TOCAR TUDO!!! E NÃO, NÃO MORDEMOS. A NÃO SER QUE VOCÊ PEÇA.




WATCH
CHARLES BUKOWSKI VIDEOS
POSTED IN THIS BLOG
(VEJA OS VÍDEOS DE CHARLES BUKOWSKI POSTADOS NESSE BLOG)
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THE LAUGHING HEART
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your life is your life
don’t let it be clubbed into dank submission.
be on the watch.
there are ways out.
there is a light somewhere.
it may not be much light but
it beats the darkness.
be on the watch.
the gods will offer you chances.
know them.
take them.
you can’t beat death but
you can beat death in life, sometimes.
and the more often you learn to do it,
the more light there will be.
your life is your life.
know it while you have it.
you are marvelous
the gods wait to delightin you
.
Bukowski
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"A RISADA DO CORAÇÃO"
.
Sua vida é sua vida
não a perca em submissão
fique de olho
existem saídas
existe luz em algum lugar
pode não ser muita luz
mas derrota a escuridão
fique de olho
os deuses lhe oferecerão chances
conheça-as
pegue-as
você não pode derrotar a morte
mas pode derrotar a morte em vida algumas vezes
e quanto mais aprender a fazer isso
mais luz haverá
sua vida é sua vida
conheça-a enquanto a tem
você é maravilhoso
e os deuses aguardam para deleitá-lo.

.
Tradução Patrícia Evans
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ROLL THE DICE
.
if you’re going to try,
go all the way.
otherwise, don’t even start.
if you’re going to try, go all the way.
this could mean losing girlfriends,
wives, relatives, jobs and
maybe your mind.
go all the way.
it could mean not eating for 3 or 4 days.
it could mean freezing on a
park bench.
it could mean jail,
it could mean derision,
mockery,
isolation.
isolation is the gift,
all the others are a test of your
endurance, of
how much you really want to
do it.
and you’ll do it
despite rejection and the worst odds
and it will be better than
anything else
you can imagine.
if you’re going to try,
go all the way.
there is no other feeling like
that.
you will be alone with the gods
and the nights will flame with
fire.
do it, do it, do it.
do it.
all the way
all the way.
you will ride life straight to
perfect laughter, its
the only good fight
there is.
.
Bukowski
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“ROLE OS DADOS"
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se você vai tentar, vá com tudo.
senão, nem adianta começar.
se você vai tentar, vá com tudo.
isso deverá fazer você perder namoradas,
esposas, con-gêneres, trabalhos e
talvez sua mente.
vá com tudo.
talvez você não coma por 3 ou 4 dias.
talvez você congele, sentado na praça.
pode ser que seja preso,
pode significar derrisão,
escárnio,
isolamento.
isolamento é um grande presente,
tudo o mais são testes de sua resistência,
de quanto você realmente quer
interferir.
e você o fará
a despeito de qualquer rejeição, as piores probabilidades,
e você estará melhor do que ninguém poderia imaginar.
se vai tentar, vá com tudo...
não há outro sentimento quanto a isso.
você estará sozinho, com os deuses
e as noites queimarão como fogo.
vá, vá, vá.
faça.
com tudo
de cabeça.
você montará na vida, numa reta,
e aperfeiçoará a gargalhada;
e só haverá boa luta.
.

Tradução: Hilam A na Grama
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THE SECRET OF MY ENDURANCE
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I still get letters in the mail, mostly from cracked-up / men in tiny rooms with factory jobs or no jobs who are / living with whores or no woman at all, no hope, just / booze and madness. / I get most of their letters on lined paper / written with an unsharpened pencil / or in ink / in tiny handwriting that slants down to the / left / and the paper is most often torn / usually halfway up the middle / and they say they like my stuff, / I've written from where it's at, and / they recognize IT truly, I've given them some / chance, some recognition of where they're at. / it's true, I was there, even worse off than most / of them. / but I wonder if they realize where their letter / arrives? / well, it's dropped into a box / on a wire fence/ behind a six-foot hedge and a long driveway to/ a two-car garage, rose garden, fruit trees, / animals, a beautiful woman, mortgage about half / paid after years' residence, a new car, / two cars / fireplace and a green rug two-inches deep / with a young boy to write my stuff now, / I keep him in a ten-foot square cage with a / typewriter, feed him whiskey and raw whores, / belt him pretty good three or four times / a week. / I'm 60 years old now and the critics say / my stuff is getting better than ever. /
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from Dangling In The Tourne Charles Bukowski
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SACIEDADE DOS POETAS VIVOS foi uma coleção publicada pela Editora Blocos, durante a década de 1990, em 13 volumes. Ficou famosa por ser apenas 17 autores por antologia, e por ter conseguido reunir poetas de renome entre os participantes. Outro elemento diferencial: a característica temática, servindo de elo de ligação entre diversos tipos de propostas estéticas. Diversas cabeças pensantes escrevendo sobre um mesmo tema fornecem uma visão bem mais abrangente do assunto, e um material de reflexão muito maior.
Diferente do que possa parecer, o título da Coleção de Poesia não é uma paráfrase do filme “Sociedade dos poetas mortos”. É uma paródia dele, uma crítica a uma política cultural que dá mais valor aos poetas quando morrem do que aos que estão vivos na atualidade, o que gera uma enorme saciedade – no sentido de aborrecimento, tédio e fastio – em todos nós artistas da palavra.
A OBRA DIGITALIZADA
A partir 2006, a Coleção foi reativada com a mesma orientação editorial, só que agora, digitalizada e dentro do portal Blocos Online, que é um dos maiores e mais importantes espaços literários na Internet, reconhecido inclusive pela UNESCO, com cerca de 3.000 a 5.000 leitores por dia, aproximadamente 40.000 arquivos online e já com 8.500 autores – nacionais e internacionais –, sendo mensalmente acessado por mais de 80 países, nos quatro continentes.
A SACIEDADE DOS POETAS VIVOS pela Internet possui duas enormes vantagens: a tiragem, impressa, era de 1.000 exemplares, portanto, um público estimado em mil leitores; on line, esse número de leitores quase que centuplica em apenas um mês, sem ser necessários gastos com remessa e riscos de extravio de Correio. O outro benefício da obra on line é não ser vendida, portanto não exigir que o autor fique com exemplares em casa, ou que saia em campo para deixá-la em consignação.
O sucesso do vol. 1 disponibilizado em 25 de outubro de 2006 foi tão grande que, em janeiro de 2007, já eram lançados mais dois volumes, e já se pensa no próximo.
AUTORES
VOLUME 1
• Anderson Braga Horta • Carlos Arthur Newlands Júnior • Cathia de Almeida • Christina Magalhães Herrmann • Clodomir Monteiro • Cristina Rios Leme • Fabbio Cortez • Galdino Moreira Neto • Graça Graúna • Idalina de Carvalho • Jandira Zanchi • Leila Cristina Carvalho • Maria Dalva Junqueira Guimarães (Madellon) • Merivaldo Pinheiro • Onna Agaia • Solange Firmino • Vera Casa Nova
Tema: poeta/poesias
VOLUME 2
• André Martins • Astrid Cabral • Darlan Alberto Tupinambá Araújo Padilha (Dimythryus) • Débora Novaes de Castro • Eliana Mora • Eunice Arruda • Fernando Mendes Rosendo • Juçara Valverde • Lázaro Barreto • Márcio Catunda • Marco Bastos • Rogel Samuel • Romério Rômulo • Rosy Feros • Sandra Falcone
Convidados especiais: Glauco Mattoso e Neide Archanjo
Tema: memórias.
VOLUME 3
• Antônio Lázaro de Almeida Prado • Cláudia Belchior • Cláudio Schuster • Ivan Miziara • Lúcia Nobre • Luiz Paulo Serôa • Paula Cury • Regina Pouchain • Rita Moutinho • Sheila Pavanelli • Terêza Tenório • Vânia Moreira Diniz • Vera Vilela • Wilson Guanais • Xenïa Antunes
Convidados especiais: Affonso Romano de Sant'Anna e Gilberto Mendonça Teles
Tema: Corpos
VOLUME 4
• Ana Wilinski • Cármen Rocha • Christina Magalhães Herrmann • Condorcet Aranha • Fabbio Cortez • Fernando Paganatto • Gerson Ney França • Gisele de Carvalho • Leila Míccolis • Maria da Graça Almeida • Márcia Sanchez Luz • Marlene Andrade Martins • Patrícia Evans • Rizolete Fernandes • Silvia Paiva
Convidados especiais: Lêdo Ivo e Suzana Vargas
A SACIEDADE DOS POETAS VIVOS DIGITAL – Vol. 4 - teve como tema, sugerido por Urhacy Faustino, “Entre quatro paredes”: a casa e as relações familiares: os cômodos (quarto, sala, cozinha), os objetos (televisão, geladeira, escrivaninha), os animais de estimação, as pessoas (pais, filhos, amantes), os sentimentos (cansaço, rotina desgaste, amor). As pessoas e os seus cotidianos. Seus sonhos e pesadelos. Seus medos e frustrações, seus humores, suas construções e desmoronamentos diários. Seus fantasmas. Dezessete poetas com abordagens interessantes e variadas sobre o assunto, algumas mais polêmicas e impactantes, como as de Fernando Paganatto, Leila Míccolis e PATRÍCIA EVANS, outras mais líricas como as de Ana Wilinski, Gisele de Carvalho e Silvia Paiva; há ainda a existencial de Maria da Graça de Almeida, a filosófica de Gerson Ney França, a multifária de Chris Herrmann, a clássica de Condorcet Aranha, a crítica de Cármen Rocha, a ontológica de Márcia Sanchez Luz, a instigante de Fabbio Cortez, a metafórica de Marlene de Andrade Martins, a lúcida de Rizolete Fernandes. Convidados especiais, prestigiando o projeto dois nomes reconhecidos nacional e internacionalmente: Lêdo Ivo, que é inclusive do Conselho Administrador do portal Blocos On line e Suzana Vargas.
Foi lançada dia 23 de abril de 2007, Dia Internacional do Livro, criado pela UNESCO.
CRÉDITOS
Capa: Vande Rotta Gomide
Título: Eduardo Feijó Netto Machado
Seleção de autores e textos: Leila Míccolis
Webmaster: Urhacy Faustino
Apoio cultural e Divulgação: CaravanaCult (Christina Herrmann e Clauky Saba)
Realização e hospedagem: Blocos Online
http://www.blocosonline.com.br/
E-mail:
blocos@blocosonline.com.br

Por Que Jamais Escreveria Um Texto de Auto-Ajuda

Ray Silveira

Como não tinha nada para fazer, passei esta manhã refletindo acerca de qual seria o tema sobre o qual jamais me atreveria a escrever. Não sei se pensei pouco por não ter tido paciência para pensar mais, o fato é que cheguei à conclusão de que seria capaz de escrever sobre qualquer coisa. Talvez ousasse cometer a leviandade de escrevinhar até a respeito daquilo de que nada entendo, como por exemplo, a influência do pum de uma formiga sobre o efeito estufa e o buraco na camada de ozônio, vejam só! Mas jamais escreveria uma linha sequer sobre auto-ajuda. Com efeito, durante a minha adolescência vivia buscando esta tal de auto-ajuda - que nem este nome mereceria ter, pois se está contida num livro, certamente é com a ajuda de alguém - e nunca descobri nenhuma vantagem na leitura de tais livros, exceto ajudar a passar o tempo e a treinar a própria leitura; e estas talvez fossem as únicas situações em que um livro de auto-ajuda, de fato, poderia ajudar se pelo menos o autor soubesse escrever corretamente. Permitam-me uma breve fuga de idéias. Tenho uma amiga, excelente escritora e poeta que me confessou candidamente ter aprendido a escrever simplesmente lendo revistas de quadrinhos, mais especificamente, gibis, patos donalds, tomix, fantasmas, caprichos et caterva e eu não acreditei a fim de perder mesmo a amiga, porque não gosto de conviver com gente gaiata. Ontem estive lendo um texto enviado por outra amiga querida, e como o autor está na crista da onda, inclusive com títulos de livros mais vendidos nas revistas semanais, resolvi ler do começo ao fim apesar de se tratar de um tema de auto-ajuda. No artigo, o autor recomenda que o leitor ao chegar na garagem para pegar o automóvel e constatar que o espaço entre o veículo vizinho e o seu, não permite a abertura da porta esquerda, nunca deve se aborrecer, nem mandar recado para o proprietário do carro ao lado, nem tentar forçar a abertura da porta a qualquer custo: simplesmente deve entrar pela outra. A partir deste exemplo prossegue, no restante do texto, a fazer analogias e recomendando os seus leitores a "entrarem sempre pela outra porta" em qualquer suposta situação difícil do dia a dia. Oras, isto é muito fácil de dizer quando se está escrevendo num computador de última geração, numa sala (ou consultório) com ar condicionado, se servindo de cafezinhos, e conferindo a cada instante, no romebanque, o saldo crescente da conta corrente, mas na prática a história é bem outra. Examinemos o exemplo padrão, isto é, usar a porta oposta à do volante. Todos sabem que a maioria dos veículos nacionais possui um freio de mão e uma alavanca de mudanças entre os dois assentos. Quando se é jovem, magro, saudável e nunca se sentiu a dor de machucar os ovos acidentalmente, tudo bem; nada obsta. Contudo, imaginemos que o motorista seja um senhor idoso, portador de uma imensa hérnia, gordo e já tenha sofrido um acidente que quase lhe deixou os tais ovos estrelados a frio ao tentar passar por cima do portão do jardim de sua casa por ter esquecido as chaves; como é que fica hem? Este é apenas um contra-exemplo a fim de ilustrar. Mas imagine-se também um pai ansioso porque a esposa lhe telefonou, pois o filho de quatro anos está passando mal e tem de ser levado, com urgência, para um hospital; ou uma senhora operada de períneo, já com alta hospitalar e permissão para dirigir, contanto que tome algumas precauções. Será que a sugestão do autor do texto de auto-ajuda faria algum sentido a fim de ajudar o leitor quanto às demais dificuldades do dia a dia, utilizando o caso da porta do automóvel? Como sempre a coitada da mulher é a maior vítima, querem ver? E se acaso o automóvel pertencesse a uma senhora casada que acabou de manter relações sexuais extraconjugais, esqueceu, ou por qualquer outro motivo, não pôs a calcinha e uma gotícula de sêmen extravasou e pingou sobre o assento; o marido já desconfia dela e manda providenciar um exame de DNA daquela manchinha. Como é que fica também a situação desta senhora, hem, doutor? Se fosse arrolar todos os motivos que me desencorajam a escrever um livro, um folheto, uma página, uma linha de auto-ajuda, sobraria material suficiente para editar um tratado de não ajuda a fim de desencorajar autores de livros de auto-ajuda. Mas, ao mesmo tempo, desconfio que aí já seria um manual de auto-ajuda para quem pretende escrever um livro de auto-ajuda; ou não? Que confusão dos diabos! Não sei por que me meti a escrever a respeito de auto-ajuda se jurei a mim mesmo que jamais o faria...

GRUDADA
(PATRÍCIA EVANS)
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Amanheceu este gosto de morte na boca.
Já comeu morte? É acre.
Mas morte tem mais que sabor,
tem densidade, cheiro
- putrefacto -
Pesada, espessa,
feito cruz nos ombros que não se aguenta.
E eu a arrasto cansada pra casa.
(Não é resignação, pura falta de fé.)
A gente nem chora,
que ela não deixa,
não se descansa,
a morte não deita,
eu durmo em pé.
.
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BULÍMICA
(PATRÍCIA EVANS)
.
Quando é ruim fica
atado aos meus pés,
irrita
- chulés -
até que definham,
pela minha, e, deles outros,
indiferença
(esta pílula não douro;
o que é ruim dura pouco)
e quando é bom, parte, se vai,
deixa-me só, me rechaça,
cai no mundo, vagabundo,
vagabunda cachaça,
jogo de bilhar,
cravo e gravata,
chapéu de palha,
ateu,
gera filhos que não cria,
gera filhos que - não ria!
nunca são meus.
Agora os trarei todos trancados
ou bom, ou ruim;
nenhum a me fazer de otária,
não mais os vomito de mim.
Infarto! mas não o faço solitária!

.
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PREVISÃO DO TEMPO
(PATRÍCIA EVANS)
.
Folha serenada,
geladeira que saiu da tomada,
grama que foi regada,
face que alguém beijou,
nariz de quem espirrou,
quem saiu do banho sem toalha,
terra que a chuva deixou molhada,
pronta para ser arada.
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Saudade: umidade relativa do ar
totalmente desperdiçada.
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ARREPIANTE
(PATRÍCIA EVANS)


Não consigo ver seu rosto
como ele de fato deve ser,
nem adivinhar o tom da sua voz
ou distinguir seu perfume na rua.
Perdi seu gosto no sabor de outras peles,
que arranho em vez da sua.
De nós,
nenhum dos cinco sentidos restou.
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O EXORCISMO COLETIVO DA DOR DO PÚBLICO ATRAVÉS DO DANÇAR FRENÉTICO E DO GRITAR O REFRÃO DAS MÚSICAS, NORMALMENTE DE PROTESTO OU CRÍTICA, DO ROCK NACIONAL ATUAL, O CHAMADO PARA O "PENSAR", A TENTATIVA DE CONSCIENTIZAR SEU PÚBLICO PARA O MOMENTO HISTÓRICO, SOCIAL, POLÍTICO E CLAMAR POR UMA ATITUDE AVÊSSA À APATIA, AGITAR O SISTEMA E REVOLUCIONAR O PENSAMENTO DAS MASSAS É A VERDADEIRA FUNÇÃO DESSE ESTILO MUSICAL, QUASE TAL QUAL TRAGÉDIA GREGA. AS LETRAS NORMALMENTE SÃO CLARAS E DE FÁCIL ENTENDIMENTO, O QUE NÃO SIGNIFICA QUE SEJAM RUINS, AO CONTRÁRIO, EM SUA MAIORIA SEUS COMPOSITORES SÃO RAROS EXPOENTES INTELECTUAIS, FRUTOS DA GERAÇÃO "COCA-COLA", QUE CRITICAM (CRITICAVAM) A APATIA E A ALIENAÇÃO DESSA MESMA GERAÇÃO.

MalandragemCazuza / Frejat
Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
Esperando o ônibus da escola sozinha
Cansada com minhas meias três-quartos
Rezando baixo pelos cantos
Por ser uma menina má
Quem sabe o príncipe virou um chato
Que vive dando no meu saco
Quem sabe a vida é não sonhar
Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança e não conheço a verdade
Eu sou poeta e não aprendi a amar
Bobeira é não viver a realidade
E eu ainda tenho uma tarde inteira
Eu ando nas ruas, eu troco um cheque
Mudo uma planta de lugar
Dirijo meu carro
Tomo o meu pileque
E ainda tenho tempo pra cantar


PENSANDO A LETRA DE CAZUZA
PELOS ALUNOS DO CURSO DE ATUALIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE GAMA FILHO
(FIGURAS DE LINGUAGEM - PRFª PATRÍCIA EVANS)

Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
GAROTINHA = CRIANÇA, SONHOS, FANTASIAS, INGENUIDADE, PUREZA

Esperando o ônibus da escola sozinha
ÔNIBUS DA ESCOLA NÃO É ÔNIBUS PARA A ESCOLA, LOGO, UMA MENINA DA BURGUESIA. SOZINHA - PAIS AUSENTES - A BURGUESIA QUE SÓ TRABALHA E TRABALHA E TRABALHA? A SOLIDÃO DA MENINA NÃO CRIANÇA E AINDA NÃO MULHER? QUE COMEÇA A DESCOBRIR NO REAL DESEJO A "INEXISTÊNCIA" DA DOCE FANTASIA INFANTIL DOS CONTOS DE FADA?

Cansada com minhas meias três-quartos / Rezando baixo pelos cantos / Por ser uma menina má
A CONFIRMAÇÃO QUE A MENINA PERTENCE Á BURGUESIA É A PRESENÇA CLARA DA CULPA INSTITUÍDA PELA IGREJA CATÓLICA - ELA SE ACHA MÁ. PENSA QUE PECA. FICA CLARO QUE SEUS PECADOS SÃO LIGADOS AO DESEJO (CONOTAÇÃO SEXUAL) E NO CASO DE MENINA ADOLESCENTE- À MASTURBAÇÃO - O PECADO ORIGINAL, QUE A FAZ REZAR PELOS CANTOS - CULPA.

Quem sabe o príncipe virou um chato / Que vive dando no meu saco / Quem sabe a vida é não sonhar?
CONFIRMA QUE A MENINA ADOLESCENTE ESTÁ DESCOBRINDO A FARSA DOS CONTOS DE FADA. O REAL É UM SACO. A SOLIDÃO ESTÁ DEFINITIVAMENTE LIGADA À PERDA DA FANTASIA; "QUEM SABE A VIDA É NÃO SONHAR?" ESTE VERSO TAMBÉM É UM QUESTIONAMENTO FILOSÓFICO BUDISTA - O DESEJAR (CONOTAÇÃO ABRANGENTE) É A FONTE DE TODA DOR HUMANA; SONHOS E FANTASIAS SÃO DESEJOS. TALVEZ SEJA MELHOR NÃO DESEJAR.

Eu só peço a Deus / Um pouco de malandragem / Pois sou criança e não conheço a verdade
UMA DAS ESTROFES MAIS TRISTES DE CAZUZA... A MENINA IMPLORA EM DESESPERO QUE DEUS A AJUDE. ELA NÃO TEM MALÍCIA, ESTÁ PERDENDO A INGENUIDADE, SE SENTE CULPADA POR NÃO SE SENTIR PURA, PORQUE AGORA HÁ NELA O DESEJO (CONOTAÇÃO SEXUAL) E NESTE TOTAL DESCONTROLE ELA ESTÁ SOZINHA, NA VERDADE, SOLITÁRIA - A SOLIDÃO QUE SENTIMOS NA DOR, QUE AQUI É CAUSADA BASICAMENTE PELO INÍCIO DA DESCOBERTA, QUE EXISTE UMA REALIDADE QUE IMPOSSIBILITA O CONTO DE FADAS E A SENSAÇÃO DE IMPOTÊNCIA POR CAUSA DE SUA PRÓPRIA IGNORÂNCIA, FALTA DE MALÍCIA (MALANDRAGEM) ALIADA À CULPA.

Eu sou poeta e não aprendi a amar
OUTRA VEZ A FANTASIA NO LUGAR DA VIVÊNCIA, A TEORIA EM VEZ DA PRÁTICA, A NÃO CONCRETIZAÇÃO DO AMOR QUE INSTIGA A INSPIRAÇÃO. A GRANDE CONTRADIÇÃO DO POETA - A NECESSIDADE DO POETA DE AMAR SÓ É PASSÍVEL DE SER SANADA QUANDO NA FUGA DA REALIDADE - O AMOR PLATÔNICO (IDEALIZADO, IDEAL) NÃO RESISTE AO DIA A DIA. A MENINA, A NÃO MAIS CRIANÇA E NÃO AINDA MULHER É A DEFINIÇÃO DO POETA, QUE NUNCA AMA REALISTICAMENTE, MAS ROMANTICAMENTE OU LIRICAMENTE ETC. . A REALIDADE NUA E CRUA SEQUER PERMITE O AMOR.

Bobeira é não viver a realidade
A DECISÃO DE NÃO PERDER TEMPO FANTASIANDO, DE NÃO CONTAR MAIS COM AS FADAS, PORQUE AO ENTENDER A REALIDADE DISTANTE DE SUAS FANTASIAS DE CRIANÇA ENTENDE, QUE PRECISA DA "MALANDRAGEM" PARA "SOBREVIVER". É A DECISÃO TOMADA EM PROL DA AUTO DEFESA - EVITAR A DOR QUE O DESEJAR (SONHOS E FANTASIAS) PODEM TRAZER. A REALIDADE NÃO TEM SABOR, É CRUEL, É CHATA, É SEM GRAÇA, MAS HÁ UMA CHANCE DELA PASSAR IMPUNE À VIDA SEM O RISCO DA DOR; VIVER A REALIDADE, OU SEJA, NÃO AMAR O PRÍNCIPE, MAS O SAPO OU SIMPLESMENTE NÃO AMAR. A DESISTÊNCIA DO POETA É ASSUMIR A REALIDADE COMO ALGO REAL.

E eu ainda tenho uma tarde inteira / Eu ando nas ruas, eu troco um cheque / Mudo uma planta de lugar / Dirijo meu carro / Tomo o meu pileque / E ainda tenho tempo pra cantar
A FALTA DE GRAÇA DA REALIDADE SEM A FANTASIA. A MENINA PASSA FRIA E INDIFERENTE PELO DIA, SEM FADAS, DEUS, AMOR E ASSIM SERÁ EM INTERMINÁVEL TÉDIO, ATÉ QUE MUDE DE IDÉIA, ATÉ QUE VOLTE A SONHAR, ATÉ QUE SE TORNE MULHER, ATÉ QUE COMPREENDA, COMO O POETA, QUE A REALIDADE NÃO É NECESSARIAMENTE REAL OU ATÉ A SUA MORTE.

25.6.07

Several Poems



SEVERAL POEMS

(BY RAY SILVEIRA)
.


I
.
At a moment of my senses

I think I am nothing, just feel

The freedom that’s passing by

The people who develop

Some drowning and I breathe

In this translucent sheet

Which rocks and cools

Even under sunshine that enhances

Forms, shadows and corners

From the quadrilateral uterus

Blue and ordinary of the swimming pool.


II

Oceans show

expansive waters

that dilate and scatter

and extend and constrict themselves

(imagine a mixed-colour sea

that we call red sea)

it breathes large waves

free and clean

while my own waters

walking like a crab

try to get out from the aquarium.


III

Strong water copper

Among cuts erosion I leave an imprint upon

On surface of the sea

As well as watermarks

On the sand, while

I either paint marines

Or navigate

Through the blue ocean If I write I’ll employ

The horizon line In an acid essence

From where I’ll bring

Some large jelly fishes

To someone who can’t has

A precise view of the sea


IV

Somber clouds from soil

stop fly of herons

some deers lose their ways

above creepings rhizomes

my boat goes drift away

from this cold darkness

I just bring tragic texts

of tales and poetries


V

It’s an eternal race START! disagreement struggles contentions competition at another’s expense whose can’t do anything for weakness still begining wells of spermatozoons gametes from reproduction from the first spilling to the ocean salt volcanic control facilities... they compete in the words “I suggest” to fertilize at first they sink bad loving and bad loved into the well hopeless
.
.

An Irreverent Poem

.
AN IRREVERENT POEM
(BY RAY SILVEIRA)
.
.
I’ll never offer
My own body
By writings
Or X rays
I’ll never give it
In pieces...
Because its center
Would be sick
At one’s stomach...
I do not
Either show my bowels
Or my body
Since they’re so mine
And my humors
Only would become
Very sweet
If I felt
Something lovely.
I use to shriek with laughter
Whenever I see
Rags asses, breasts and wombs
On display
And presenting themselves
But everyone declines
.
.
.



THE NAME OF MY ANGEL
(BY PATRÍCIA EVANS *TRANSLATION - LAURENCE BERNSTEIN)
.

I will ask Him

about the name of my angel

This son of a bitch who proudly declares

he is my guard and my guide

while I suffer as a dog

with the stones that pelt me

and no fucking sense of direction

I will ask Him

about the name of this angel

who I think must be always drunk

or having an affair with a demon slut

for I have walked in circles

my lover has betrayed me

my principles have failed

and the more I call for him

the less he responds to me

He seems to be deaf to my pleadings

It must be the drugs -

he certainly buys on the street-

the reason for his disregard

These streets and filthy alleys

from the end of the world

where he has led me

This angel who says he guards me

who is my guiding star

doesn't want any real work or job

for I am always hearing the rolling of dice

and the stttttrrrrech of cards


!!!!!

I need to know his name

to put it in the frog's mouth.


.
O NOME DO MEU ANJO
(Patrícia Evans)
.
Eu vou perguntar a Ele
sobre o nome do meu anjo,
este filho da puta, que julga
orgulhosamente guardar-me e guiar-me
e entretanto eu sofro como uma cadela,
com as pedradas que me atingem
e essa merda de falta de senso de direção.
Eu vou perguntar a Ele
sobre o nome deste anjo,
que eu acho deve estar sempre bêbado
ou de cacho com alguma diaba vadia,
que tenho andado em círculos,
meus amores me traído,
meus princípíos falidos
e quanto mais o chamo
menos ouço uma resposta;
parece surdo aos meus apelos,
acho que são as drogas,
que deve conseguir nas esquinas,
a razão de seu desapego;
as esquinas desses becos imundos,
esses finais de mundo,
em que anda me levado.
Este este anjo que me guarda,
que é a minha estrela guia,
não deve querer trabalho,
porque ouço o rolar dos dadinhos
e o trrrrrrréxi do baralho.
Preciso do nome dele,
pra colocar na boca do sapo!
.







FORGIVE MY CRYING
(BY PATRÍCIA EVANS * TRANSLATION - LAURENCE BERNSTEIN)
.
I am so sorry, beloved
Believe in my tears
for there is truth and faith
in each salty drop I cry.
Although, my dear,
truth should always be sweet
like my beliefs used to be . . .
everytime a salty drop falls
a painful truth is born
and a sweet hope has died.
I am sorry my love
I know there may be truth and faith
in your kind and sweet smile
but my beliefs were slain
my sweetness was murdered
by the first salty drops I cried.


.


.


FEARING LOVE

(BY PATRÍCIA EVANS * TRANSLATION - LAURENCE BERSTEIN)

.
I shouldn't have read his letters again
Shouldn't have gone back there
seen the dry blood - so many ripped veins
or smelled the scent of rotten meat
I shouldn't have brought it back to mind
or filled my soul with these sordid memories
should never have allowed my heart to witness
such an indecent and cowardly attempt
to rape such an innocent smile
No fingerprint was left
The guilty one hid the proof,
cleaned the house - washed the clues
no punishment could be applied
The rapist is free somewhere outside
the smile is forever locked inside
Innocence should never be allowed to die
I should never have read his letters again
I should never have offered him a smile.
Fear should never be the only thing remaining .

.

.

NOBODY EVER DID SOMETHING REAL FOR ME
(BY PATRÍCIA EVANS * TRANSLATED BY LAURENCE BERNSTEIN)
.

This year a lot of people I knew died
Filipi was 30 when he died
then the other Felipe
who was 17
my uncle who was 59
and yesterday, Dione, she was 24
Suddenly death has become a routine
(well, death is a daily thing)
but the fact is that they lived and died
and I didn't make any difference
I have been changing no one's life
In fact, nobody has done something because of me
or has made a decision
based on something I've said
or has taken another way
after reading my poems
Everyone has understood
what I've wanted to mean
what I have written
all the things I have done
and yet nothing of me has made the smallest difference
Nobody stopped to dare
in front of any idea of mine
nor even moved a finger
because of one of my theories
I didn't change even one day
of the lives of these now dead
nor the lives of who are still alive
these who come to my home
who talk to me on the phone
sit with me in my car
have lunch on my table
those who say that they love me
those I deeply love
None of these people
has become another one
has taken me as an example
or has used me as a muse
And if I am not worth a quotation mark
If I am not worth maybe a sigh
in someone's, in anyone's life
why not give the days I still have
to the next dead of the list
since to keep me alive
has been such a stupid waste
.
.
.

5.6.07



(Denise Sollami)

.
I would have loved you dearly, honey.


As a matter of fact, I did love you

but you just took me for granted,

made a terrible mistake

(a sort of misunderstanding)

gave up on the two of us

just like that…I have to tell you again

you would have loved me

if you could have permitted yourself

a little bit of crazyness

but instead

you just gave up

turned the page so easily

and left me so helpless

- so helpless -

I’m still lost, babe

.

.