21.12.07


PRAIA DO LEME
.
.
...................... Paulo Roberto Novaes
.
.

Talvez seja mais ou menos por ali,
quase defronte à Fiorentina.
Em noites como esta, de lua cheia,
onde as ondas lambem os seios nus das pedras
e as deusas preferidas de Baco vêm festejar o amor.
.
Talvez seja mais ou menos por ali,
nas areias da Praia do Leme,
em noites de sexta-feira...
.
Quando lágrimas de ilusões já não têm sua razão de ser,
e o vinho e magia correm soltos,
como o luar deslizando sobre um de seus ombros,
exposto à maresia.
.
Talvez seja mesmo ali,
onde a gente se entrega ao presente,
e cavuca a areia por cavucar.
E que de repente encontra um tesouro que brilha
apenas para nosso olhar,
e que só tem valor para quem sabe
que encontrou um tesouro cavucando as areias do Leme.
.
Deve ser por ali,
onde Anjos, quando não eram Anjos,
comemoravam suas alegrias
e despiam-se de suas vestes mais íntimas.
Onde as estrelas flutuavam sobre o mar,
e o mar brincava de ciranda com a lua
e todos os astros...
.
Talvez fosse ali,
nas areias do Leme,
quando não havia a estrada e a Fiorentina...
Onde se reuniam sereias,
que contavam suas histórias de homens
pelos oceanos e cantavam estranhas cantigas...
.
Ali onde vagueia um fantasma,
ou dois, ou muitos,
talvez de feiticeiras que tenham dançado
naquelas areias o seu sabbat.
Talvez seja mesmo ali,
onde nosso coração inflama numa fogueira
que nunca queima,
mas que aquece nossas esperanças...
.
Há a possibilidade de que tenha sido ali
onde um poeta escreveu um poema,
um músico compôs uma canção
e um amante chorou por um amor perdido...
.
Na verdade,
é ali onde a gente senta,
deita, canta e rola,
quando bate a solidão,
quando o coração reclama
por um pedacinho do mundo,
ou somente quando a gente quer sair
um pouco e sorrir sobre as areias do Leme.

.
.................Para Patrícia Evans