7.1.07

NOITES OCEÂNICAS
Paulo Roberto Novaes


Desliza tua língua entre meus seios,
Oportuna pedra de gelo em dia de verão
(só que quente).
Toca os meus dedos e molha suas pontas,
Como que a lamber mamilos enrijecidos
De frio ou de prazer.
Afundou na minha boca,
Navio de porão cheio de ouro,
Sem chance de resgate,
Sem razão de retorno.
Não sabendo que sou toda tua,
Me ergue no ar,
Surfista nas ondas do teu mastro,
E na tentativa, praticar o impensável,
Pra me conquistar.
E me põe num pedestal,
Me cobre de pérolas e areia estelar.
E do meu andor,
Eu me incendeio o corpo,
Envolvida em rosas
(apenas pétalas),
vulcão furioso,
explodo.
E fogo alastrando floresta
E mar,
Secando lagos,
Derreto os Pólos
E crio um novo oceano
Pra você me amar.
Sementeira das paixões,
Colhi no teu jardim
Lírios cheios de mãos
E olhos pra você me olhar...
E me tocando toda,
Me encobrindo em névoa,
Me faz delirar.
Delirando, abro minhas velas
E deixo o teu vento soprar,
Me embrenhando em conchas,
Me vestindo em algas,
Pra você me achar.
Sem saber pra onde vou,
Deixando você me levar,
Vai se perdendo assim,
Vou te encontrando,
E novamente insana,
Chegou minha vez de te naufragar.
Brota longe, a nascente,
Vem me alargando,
Um rio,
Desemboca em mim,
O afluente,
Vou te possuindo,
Vai me conduzindo,
Este desejo e tanta água
Não cabem num só mar.
E volitando sobre tuas águas,
Vou te abençoando,
E você me bendizendo,
Nas tuas marés
Vou aspergindo óleo,
Vai me abrasando
Com teu sussurrar.
Clandestina no teu barco,
Sou pirata do teu coração.
Rosa dos teus ventos,
Flor dos teus lamentos,
Vento sudoeste da tua solidão.
Vou sentada em tua proa,
Deitada no convés,
Me banhando em maresia
E sol.
E na noite estrelada,
Bússola a aportar no norte,
Sou teu destino sem o cais,
Peixe que fugiu do anzol.
E me espraiando enfim,
Tomando do teu vinho,
Teu cálice em mim,
Na taça rubra da noite,
Vou procurar abrigo
Nas rédeas do amanhecer.
E quase desmaiada,
No suor da tua enchente,
Teu farol já apagado,
Afogada em teu sangue quente,
Minha vela ainda queima.
Incensário aguardando incenso,
Te amei no tempo do tempo noturno
de você me amar.

2 comentários:

Patrícia Evans disse...

ESTOU ORGULHOSA DE VOCÊ! MUITO! MUITO! DIGA-ME, COMO É O POEMA SEM CENSURA? COMO É NÃO LIMITAR A EMOÇÃO??????? QUERO MAIS! AGORA QUE SUA ARTE ESTÁ LIBERTA, DÁ-ME MAIS!

Franklin Cirino disse...

Simplismente poesia pura, sem nhém-nhém-nhém e "mão" que rima com "chão", ou "batatinha" com "abobrinha".
Quando eu crescer quero ser como você.