24.11.06

A SOLIDÃO E SUA PORTA


CARLOS P. FILHO


Quando mais nada resistir que valha

a pena de viver e a dor de amar

e quando nada mais interessar

(nem o torpor do sono que se espalha)



Quando, pelo desuso da navalha

a barba livremente caminhar

e até Deus em silêncio se afastar

deixando-te sozinho na batalha



e arquitetar na sombra a despedida

do mundo que te foi contraditório,

lembra-te que afinal te resta a vida



com tudo que é solvente e provisório

e de que ainda tens uma saída:

entrar no acaso e amar o transitório.

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