24.11.06

A PERGUNTA

PABLO NERUDA

Amor , uma pergunta a tem destruído.
Voltei para você da espinhosa incerteza.
Eu a quero reta como a espada ou a estrada.
Mas você insiste em manter
um canto de sombra que eu não quero.

Amor, entenda-me, eu a amo inteira,
dos olhos aos dedos dos pés,
dentro, todo o brilho, que você manteve.

Sou eu, meu amor, que bate em sua porta.
Não é o fantasma, não é aquele
que uma vez parou em sua janela.
Derrubo a porta: entro sua vida:
venho viver em sua alma:
você não pode me enfrentar.

Deve abrir porta a porta,
você deve obedecer-me,
deve abrir os seus olhos
para que eu possa procurar neles,
deve ver como ando com passos pesados
ao longo de todas as estradas
que cegas por mim esperam.

Não tema, sou seu,
mas não o passageiro ou o mendigo,
eu sou seu mestre, aquele por quem esperava
e agora entro em sua vida,
para não mais partir,
amor, amor, amor,
mas permanecer.

Um comentário:

Patrícia Evans disse...

QUE FANTÁSTICO! NERUDA NÃO DIZ QUAL A PERGUNTA, NADA FALA SOBRE ELA E ENTRETANTO DÁ AO POEMA O TÍTULO 'A PERGUNTA".
E QUAL A PERGUNTA QUE DESTRÓI O AMOR?
"VOCÊ ME AMA?"
A DÚVIDA!!!!!!!