ATO DE CONTRIÇÃO
Paulo Roberto Novaes
anjo meu,
raio da minha primeira luz da manhã,
eu que te dispo em palavras,
eu que te chamo em sonhos,
que deliro teu nome,
eu que não sei mais quem sou,
porque, quando pensei que era,
deixei de ser depois que te reencontrei.
assim, mesmo o relógio sem bateria,
mesmo a estrada sem esquina em que se caminha,
o tempo passa e nos arrasta,
envoltos na bruma etérea,
que tomou o lugar de estrelas maravilhadas...
preciso adentrar em mim,
ser um só com meu leito,
libertar a alma sem preconceito,
e entregar-me àquele que foi Morfeu.
pálpebras pesam, como certamente
pesam as cruzes aos ombros...
como dizer-te, minha dama da noite,
insandecida de paixão e artes,
senhora da minha vida,
que meu corpo clama, em pura chama,
pelo descanso noturno
a que ele próprio faz jus?
porque não importa minha hora agora,
o galo canta porque o dia novo chega,
e, pesaroso, lá vou eu, em direção
ao seu cantar, novamente, ruidoso,
cumprir o que me foi pré-determinado
por minha, em quase sã consciência,
ALMA.
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