Paulo Roberto Novaes
.
.
Senti o mar passar por mim,
em uma brisa fresca de vento.
Vi sua cabeleira verde-azulada
cruzar a esquina e acenei-lhe a mão.
O mar agora vive imerso em mim.
O vento, que o trouxe,
trouxe os rios também.
Sou todo água e vento, todo ar,
todo lamento, toda chiadeira sem fim.
.
Vem, ó criatura amada,
observar de perto
os furacões de água que
cascateiam em meu peito.
Fotografar as ondas eternas de vento,
que escorregam sobre as areias
das praias do meu coração.
Porque o meu amor é instável
e contínuo,
como os rios que correm certos
para os oceanos,
e depois se perdem.
Profundo e intenso,
meu amor é o próprio mar.
.
Águas e ventos armam
planos assim:
sussurrando em minhas artérias e veias.
Ao abrir a boca,
o ambiente a meu redor
enche-se de maresia
e pequenos rodamoinhos de folhas
giram próximos ao chão.
E ao retirar meu sangue,
para doá-lo a meus irmãos,
o vento que a seringa aspira,
e a água, mais o plasma,
causam arrepios na enfermeira,
e ela deseja ser uma sereia
em minha corrente sanguinea.
.
Pode parecer estranho,
mas por onde eu passo,
a chuva cai, cursos de água transbordam,
galhos de árvores balançam
e saias levantam-se.
Sou assim –
sem pressa de ser,
como o vento,
e vivendo o momento
como qualquer água,
parada ou em movimento.
.
Cada ser humano possui
um mar em si,
limitado por sua pele,
que pode estender-se,
violento para destruir,
ou sereno como porto
para acolher.
Somos mares navegando
em terra firme...
.
Na nascente de todo rio,
brota junto a ela um deus-menino,
que zela por seu curso
até o mar.
Seres aquáticos residem em mim.
Oyá, Oxum, Iemanjá,
Iara, Janaína - Odoyá!
.
Conheço as diversas matas,
atravesso cidades,
percorro riachos e corredeiras,
e navego cada oceano que há,
porque sou água e vento –
oásis no meio dos desertos.
.
Meu esperma tem cheiro de
terra úmida e grama molhada.
Quando ejaculo é como um sopro quente
em dias de calor intenso.
Meu sonho maior é fecundar
os solos áridos do sertão.
Perdoem-me aqui os mais pudorosos,
e mesmo as pretendentes e os pretenciosos,
mas meu “artefato” é pequeno demais para
tarefa tão grandiosa.
.
Amigos Poetas
(Para o colega Franklin Cirino),
hei de confessar-vos:
a Arte é senhora da minha Vida
e de tudo aquilo que fui.
Eu não faço arte,
eu não tenho nada.
A Poesia é o que sou.
A Poesia é quem me possui.
.
O céu e o mar azuis
são presentes de Deus
para a alegria e o reconforto
da Alma minha,
constituída de vento e água.
Porque só eu posso vê-los com
os meus olhos.
Ninguém mais.
Não são vossos dedos a indicarem-me
as estrelas que me faz vê-las,
mas a forma como as descreveis.
.
.
Senti o mar passar por mim,
em uma brisa fresca de vento.
Vi sua cabeleira verde-azulada
cruzar a esquina e acenei-lhe a mão.
O mar agora vive imerso em mim.
O vento, que o trouxe,
trouxe os rios também.
Sou todo água e vento, todo ar,
todo lamento, toda chiadeira sem fim.
.
Vem, ó criatura amada,
observar de perto
os furacões de água que
cascateiam em meu peito.
Fotografar as ondas eternas de vento,
que escorregam sobre as areias
das praias do meu coração.
Porque o meu amor é instável
e contínuo,
como os rios que correm certos
para os oceanos,
e depois se perdem.
Profundo e intenso,
meu amor é o próprio mar.
.
Águas e ventos armam
planos assim:
sussurrando em minhas artérias e veias.
Ao abrir a boca,
o ambiente a meu redor
enche-se de maresia
e pequenos rodamoinhos de folhas
giram próximos ao chão.
E ao retirar meu sangue,
para doá-lo a meus irmãos,
o vento que a seringa aspira,
e a água, mais o plasma,
causam arrepios na enfermeira,
e ela deseja ser uma sereia
em minha corrente sanguinea.
.
Pode parecer estranho,
mas por onde eu passo,
a chuva cai, cursos de água transbordam,
galhos de árvores balançam
e saias levantam-se.
Sou assim –
sem pressa de ser,
como o vento,
e vivendo o momento
como qualquer água,
parada ou em movimento.
.
Cada ser humano possui
um mar em si,
limitado por sua pele,
que pode estender-se,
violento para destruir,
ou sereno como porto
para acolher.
Somos mares navegando
em terra firme...
.
Na nascente de todo rio,
brota junto a ela um deus-menino,
que zela por seu curso
até o mar.
Seres aquáticos residem em mim.
Oyá, Oxum, Iemanjá,
Iara, Janaína - Odoyá!
.
Conheço as diversas matas,
atravesso cidades,
percorro riachos e corredeiras,
e navego cada oceano que há,
porque sou água e vento –
oásis no meio dos desertos.
.
Meu esperma tem cheiro de
terra úmida e grama molhada.
Quando ejaculo é como um sopro quente
em dias de calor intenso.
Meu sonho maior é fecundar
os solos áridos do sertão.
Perdoem-me aqui os mais pudorosos,
e mesmo as pretendentes e os pretenciosos,
mas meu “artefato” é pequeno demais para
tarefa tão grandiosa.
.
Amigos Poetas
(Para o colega Franklin Cirino),
hei de confessar-vos:
a Arte é senhora da minha Vida
e de tudo aquilo que fui.
Eu não faço arte,
eu não tenho nada.
A Poesia é o que sou.
A Poesia é quem me possui.
.
O céu e o mar azuis
são presentes de Deus
para a alegria e o reconforto
da Alma minha,
constituída de vento e água.
Porque só eu posso vê-los com
os meus olhos.
Ninguém mais.
Não são vossos dedos a indicarem-me
as estrelas que me faz vê-las,
mas a forma como as descreveis.
.
Finda a confissão,
tenho mais insanidades a dizer-vos
sobre o eu ser vento e água.
Finda a confissão,
tenho mais insanidades a dizer-vos
sobre o eu ser vento e água.
.
Por vezes, as águas que me habitam
reúnem-se em imenso lago
próximo a meu plexo cardíaco,
tomando-me os pulmões,
do abdômen à laringe.
Rios e seus afluentes
desembocam nele,
que permanece plácido e viril
durante dias.
Águas salgadas e doces,
vivendo em plena harmonia em mim.
É assim mais ou menos, desse jeito assim,
nem pra mais nem pra menos,
apenas é...
.
A minha poesia é feita de mar,
e as palavras são cachoeiras e córregos.
Os pontos são filetes de água recém-nascidos,
e o próprio mar sou eu.
Dos sentimentos, inerentes a cada verso,
surge a luz, que enche de vida tanta
água existente.
Dos conflitos humanos insensatos,
surgem o ar, as tempestades e a loucura-
desejos imaturos de liberdade.
Dos versos disformes,
procedem os trovões e os raios,
que, a cada descarga,
transformam os seres que ali coexistem
E sua natureza renova-se em constante ascensão.
.
Não sei se me faço entender,
eu mesmo nunca entendi o que digo
(se alguém puder, que me explique!).
Uma única verdade sobre tudo isso
não existe.
Talvez existam muitos caminhos,
através dos mares,
estradas que os ventos levam e trazem,
que as águas fazem oscilar,
uma variante infinita de probabilidades,
teóricas, nunca comprovadas.
.
O que me resta então
são trechos fugidios sobre a água
que desce da torneira da pia,
frases dispersas que falam sobre a
ventania desta tarde...
Muita coisa sem senso a ser dita
e ninguém que queira ouvir.
.
Porém o mar, ah! esse sim,
vai estar sempre ali,
para eu cantá-lo, e decretá-lo
amigo incondicional de todos os
Poetas,
juntamente com o vento,
que traduz os idiomas
de que o mar se utiliza.
A lua que brilha sobre ele,
o sol que torna suas águas douradas,
e as estrelas que o fazem parecer um
único firmamento.
.
Nunca fui poeta.
Para ser franco, nem sei do que trata
tal palavra.
O que falo não faz o menor sentido.
A não ser, é claro,
para as águas que me inspiram
e os ventos que me conduzem.
.
Não desejo com isso chegar a lugar algum.
Mas saibam todos os leitores que,
onde houver água e ar,
eu estarei por perto.
Pois, como disse um grande Poeta:
“perto de muita água, tudo é feliz”.
Por vezes, as águas que me habitam
reúnem-se em imenso lago
próximo a meu plexo cardíaco,
tomando-me os pulmões,
do abdômen à laringe.
Rios e seus afluentes
desembocam nele,
que permanece plácido e viril
durante dias.
Águas salgadas e doces,
vivendo em plena harmonia em mim.
É assim mais ou menos, desse jeito assim,
nem pra mais nem pra menos,
apenas é...
.
A minha poesia é feita de mar,
e as palavras são cachoeiras e córregos.
Os pontos são filetes de água recém-nascidos,
e o próprio mar sou eu.
Dos sentimentos, inerentes a cada verso,
surge a luz, que enche de vida tanta
água existente.
Dos conflitos humanos insensatos,
surgem o ar, as tempestades e a loucura-
desejos imaturos de liberdade.
Dos versos disformes,
procedem os trovões e os raios,
que, a cada descarga,
transformam os seres que ali coexistem
E sua natureza renova-se em constante ascensão.
.
Não sei se me faço entender,
eu mesmo nunca entendi o que digo
(se alguém puder, que me explique!).
Uma única verdade sobre tudo isso
não existe.
Talvez existam muitos caminhos,
através dos mares,
estradas que os ventos levam e trazem,
que as águas fazem oscilar,
uma variante infinita de probabilidades,
teóricas, nunca comprovadas.
.
O que me resta então
são trechos fugidios sobre a água
que desce da torneira da pia,
frases dispersas que falam sobre a
ventania desta tarde...
Muita coisa sem senso a ser dita
e ninguém que queira ouvir.
.
Porém o mar, ah! esse sim,
vai estar sempre ali,
para eu cantá-lo, e decretá-lo
amigo incondicional de todos os
Poetas,
juntamente com o vento,
que traduz os idiomas
de que o mar se utiliza.
A lua que brilha sobre ele,
o sol que torna suas águas douradas,
e as estrelas que o fazem parecer um
único firmamento.
.
Nunca fui poeta.
Para ser franco, nem sei do que trata
tal palavra.
O que falo não faz o menor sentido.
A não ser, é claro,
para as águas que me inspiram
e os ventos que me conduzem.
.
Não desejo com isso chegar a lugar algum.
Mas saibam todos os leitores que,
onde houver água e ar,
eu estarei por perto.
Pois, como disse um grande Poeta:
“perto de muita água, tudo é feliz”.
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