24.11.06

UTOPIA
Paulo Roberto Novaes


Na alma sinto as dores
Da minha paz e do teu olhar,
E ainda da madrugada de ontem.
Amadureci, remocei, criei, destruí,
Mudei, resisti.
O que eu te fiz, o que me fizeste,
amanhã,
dia 30 de agosto de 2005?
Vi teus olhos, beijei tua boca, toquei teu corpo-
Tu te arrrepiaste e me deixaste entrar
Quando bati à porta.
Agora vejo tua poesia,
Tuas palavras confusas, diretas,
Sem deixas, sem queixas,
Envolventes, evasivas- cientes.
Eu quero uma luz que me adoce
O coração e um brilho
Que escureça meus erros
Tão à tona.
Eu quero uma canção que
Fale de coisas que não existam,
De relacionamentos que
Jamais darão certo,
De beijos que jamais serão
Esquecidos.
Eu quero um poema que me
Embriague e um vinho
Que me deixe lúcido,
Porque enroscar meu corpo
No teu é difícil
E absurdo.
Quis explicar, murmurar...
Pensei em cantar,
Depois em dormir,
Para esquecer,
Para me libertar.
E caminho nas cinzas
de algumas perguntas
que ficaram...
Estou reticente,
Eloquente,
Quase decente.
Deficiente.
Parece com o dono,
Penso eu,
Essa cara de triste.
Sonolento,
Devagar,
Quase parando.
E me dizem que devo
Acompanhar o ritmo.
Que ritmo?
Ando sem rumo,
Perdido no verde
Dos teus olhos,
Na luminosidade do
Teu olhar.
Sorris,
E não sei se me liberto
Ou se desespero.
Queria saber de tudo,
E mesmo sabendo
Tudo,
Pouco saberia da
Tua sede, da tua fome,
Da tua carne.
Quero te conduzir
Por um caminho de
Nuvens espinhosas,
E mostrar que a vida é
Complicada, cheia de
Conveniências
E às vezes muito
Entediante e plena
De cobranças,
De olhares que olham,
Mas não vêem,
De bocas que vulgarizam
Aquilo que não ouviram,
De mãos que não se erguem
Para ajudar,
Mas para bofetear.
A vida é assim,
Eu não sei mesmo
Como sou,
E você é um x+y,
Onde ‘x’ quer dizer
Todas as possibilidades
E ‘y’ quer dizer tudo
Que existe.
Como te encontrar,
Como te abandonar,
Como te namorar...
Como amar você?
Sou nu das tuas palavras,
Vestido quando me olhas,
Desnudo quando me
Acaricias.
Quero estar contigo,
Mas estou enganado:
Eu não quero ficar
Contigo,
Estou mentindo.
São 3:35h da manhã.
Vago na madrugada
Quente,
Sem a tua voz,
Sem a tua mão para me
Conduzir.
Levito no som da tua
Imagem quase obscena,
Tenho desejos,
Sucumbo ao sono,
Me deito,
Não querendo pensar
Em você,
E acabo te sonhando
Não no meu sono,
Mas nas batidas
Disritmadas do meu peito
E no bem estar que
Estar contigo
Me causa,
Mesmo que por um
Momento,
Mesmo que por um capricho,
Ainda que uma utopia.

Nenhum comentário: